Quando a 28ª Copa Santiago começou, poucos acreditavam que o Cruzeiro pudesse passar da primeira fase. Integrante de um grupo que tinha os grandes São Paulo e Palmeiras, os catarinenses de Criciúma e Chapecoense e os sempre perigosos paraguaios, representados pelo 3 de Febrero, o time de Santiago - como de costume - havia sido montado na última hora, pouco mais de 30 dias antes do início da competição.
Mas a experiência de outras duas Copas ajudou e o técnico Airton Fagundes "encaixou" a equipe, formada por jogadores vindos de diversos clubes do interior gaúcho, alguns até com passagem por clubes da elite brasileira, como o Avaí. O pouco tempo de trabalho então deixou de ser empecilho e passou a ser usado como motivação para melhorar a cada dia.
A estreia contra o Criciúma foi promissora. Um empate diante de uma equipe que já fora finalista da Copa logo no primeiro jogo fez bem ao grupo. Mas como dimensionar o resultado do 1 a 1 se pela frente havia o poderoso São Paulo. Na prática se viu com a bela vitória de 2 a 1 e uma atuação pra lá de convincente.
Vitória sobre o Tricolor paulista, moral em alta, tropeçar contra o 3 de Febrero seria inadmissível. O caminho da classificação passava por um resultado positivo. E ele veio. Com sobras, com ótima atuação, com a equipe mostrando poder de reação mais uma vez.
Contra a Chapecoense um ponto seria suficiente para a classificação matemática. Mas do outro lado estava o campeão catarinense. Que nada! Foi a Chape que entrou em campo respeitando o bom retrospecto do Cruzeiro e o 1 a 1, além de justo, foi suficiente para carimbar o passaporte. E ainda dava para ser campeão do grupo. Para isso seria necessário vencer o Palmeiras.
O primeiro lugar não veio. A derrota para o Palmeiras passou por falhas até então não cometidas ou que haviam passado despercebidas diante das boas atuações. O primeiro lugar poderia ser tornar terceiro, como se tornou, e o caminho para a sonhada final agora passaria pelo multi-campeão Internacional e, quem sabe mais adiante, pelo Grêmio.
Nas quartas de final, mais uma atuação de gala, impecável. Vitória por 1 a 0 sobre o dono de 13 títulos da Copa e, ao final da noite, a confirmação de que para disputar o título o time de Fagundes teria que passar também pelo Grêmio.
Assim como acontecera nas quartas com o torcedor do Inter, na semifinal os gremistas estavam divididos. Mesmo usando a camisa de seu clube do coração, havia espaço também para gritar "vamo Cruzeiro". Suficiente para motivar a rapaziada do Airton. Suficiente para fazer história. Suficiente como o 1 a 0.
Na final, o Alceu Carvalho se vestiu de azul. Quem nunca saía de casa para ver o Cruzeiro saiu e lá viu um dos capítulos mais importantes da história do clube ser construída. Quem lá esteve ou ouviu pela rádio, viu pela ainda embrionária Tv Copa, se emocionou, pulou, gritou, cantou, xingou, vibrou e esqueceu até a tão falada crise para abraçar o amigo, o familiar, o desconhecido ao lado quando o aniversariante Silvano marcou, aos 15 do segundo tempo, o gol do título.
Festa estrelada sob a luz de uma lua maravilhosa, brilhante, radiante com todos que testemunharam o feito inédito e em seguida saíram pelas ruas da cidade, de carro, de moto, de bicicleta, a pé.
É campeão! É campeão! É campeão! Cruzeiro Esporte Clube, campeão da 28ª Copa Santiago de Futebol Juvenil.
Pouco tempo para trabalhar não impediu time de Airton de fazer história. Foto: Ieda Beltrão |
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