domingo, 8 de maio de 2016
Falar a verdade ou calar e fazer de conta que nada acontece?
Ontem à noite, após o empate da ASF diante do Salto do Jacuí, escrevi aqui o que senti à beira da quadra e durante a transmissão pela Rádio Itu. Como costumo ser, fui bastante passional, mas sem perder a coerência e a imparcialidade ao relatar o que vejo e o que penso. Sei que muitos pensam como eu, que muitos discordam, que querem ver nosso time vencendo sempre e por aí. Sei também que há muitos que se acovardam e preferem não emitir opinião para não se comprometer.
Mas por que razão, afinal, estou escrevendo isso? Escrevo porque em um das postagens que fiz no Facebook após o jogo recebi um recado do técnico Edinho, profissional que admiro pelo que já fez dentro de quadra, que muitas emoções me fez viver como torcedor e como jornalista esportivo e por quem torço pelo sucesso ali, à beira da quadra. O texto publicado por ele está logo abaixo, antes de eu escrever o que penso em relação ao que ele escreveu.
Escrevo aqui porque opino e por isso respeito opiniões. Não quero que isso se torne uma bola de neve, então, depois desta postagem não pretendo fazer mais nada parecido. Apenas seguirei opinando e repercutindo em cima de fatos e tenho certeza que na primeira conversa que tivermos pessoalmente tudo ficará esclarecido e seguiremos trabalhando pelo sucesso do nosso esporte, em especial da ASF.
Edinho escreveu em meu Facebook:
"É Júlio Martins. Estamos só no começo de uma longa e árdua caminhada. Por isso não podemos e não devemos tirar opinião de nossas cabeças sem presenciar e acompanhar o que está sendo feito pelo futsal de Santiago. Muito menos divulgar a sua opinião sem ter certeza. Tudo que você escreveu não me atingiu. E sim o que eu tenho de mais valioso. Minha família. Estou tentando passar tudo que vivi de anos e anos do futsal para uma cidade que me acolheu por tudo que fiz dentro de quadra. Por isso peço um pouco mais de compreensão nos seus comentários. A ASF é uma associação que depende muito de todos nós. No momento que você acompanhar o dia a dia e se inteirar das nossas dificuldades, tenho certeza que sua opinião será outra. Nós que dependemos da mídia e dos patrocinadores temos que ter muito cuidado com o que escrevemos e a consciência dos fatos."
Minha resposta à postagem
Caro Edinho, não esperava nada diferente de ti, afinal de contas sei que é um cara de personalidade forte e não é de levar desaforo para casa. E admiro isso. Infelizmente tenho que discordar do amigo em vários posicionamentos. Mas vamos por partes.
Tenho opinião, sim. E como tu, também tenho personalidade forte. Não tiro opiniões da minha cabeça simplesmente.
Tudo que escrevi sobre os jogos, sobre a atuação de cada um, sobre a postura deste ou daquele se referia aos jogos que vi, o que significa que não preciso assistir aos treinos para falar a respeito. Claro que sei que tens dificuldades nos treinos, que fica sem jogadores para comandar um treino básico em muitos momentos. Sei porque como bom jornalista que tento ser busco informações o tempo todo, com pessoas que acompanham e me mantêm atualizado. Como te disse, as postagens que mais repercutiram junto à direção, comissão técnica e elenco partiram de análises de jogo. O que escrevi é o que vi na quadra. E, diga-se de passagem, só não assisti ao amistoso em Ijuí. Os outros jogos vi de ponta a ponta, diferente de tantos que nem se deram o trabalho de sair de casa.
Se tivesse ido ao ginásio durante a semana eu saberia, por exemplo, que o Vagner fez ótimos treinos e inclusive estudou o estilo de jogo do pivô adversário. Se tivesse ido ao ginásio eu teria dito durante a transmissão: "Mas como? O cara treina a semana toda e na hora do apito inicial o técnico coloca outro jogador, que inclusive estava debilitado por uma febre alta"? Verdade. Se tivesse ido ao ginásio eu estranharia a situação.
Sobre o pós-jogo em Santa Maria, escrevi, por exemplo, que o Jhon havia se recuperado da atuação diante de Uruguaiana e que, a partir da tua confiança nele, cresceu e devolveu tal confiança com ótimas defesas. Surpresa também ontem: Jhon foi para o banco depois da melhor atuação dele na temporada.
Ainda sobre este pós-jogo, tive a coragem de dizer que havia setores da diretoria que não queriam tua permanência enquanto alguns preferiram o silêncio ou passar a mão na tua cabeça. Tu sabe, Edinho. Tu estás a vida toda nas quadras e sabe que os resultados pesam e o técnico é o primeiro a ser questionado. Invenção da minha cabeça? Tenha certeza que não! Só escrevi aquilo por ter certeza, por saber que era verdade, por isso ter sido dito por alguém, não por eu ter imaginado que alguém estivesse pensando assim. Tu sabe disso.
Se não vou aos treinos, como sei que ainda durante o jogo contra a Uruguaianense alguns dos teus jogadores questionaram a escolha do Marcelo para a cobrança do pênalti e do tiro-livre? Como sei que alguns disseram "mas ele nem é o batedor oficial"!
Tu tens a minha compreensão, meu respeito e minha admiração. Tenho certeza que és ali, à beira da quadra, o mesmo guerreiro que foi durante anos dentro dela. Tenho certeza também que vai longe na profissão, que sofre como eu e como todos os torcedores por ser passional, por amar aquilo que faz, por se identificar com o futsal de Santiago e por querer, tanto como todos nós, que nosso futsal volte a ser vitorioso.
Não temos porque nos desgastar. Não quero ser visto como vilão, nem ser usado como bode expiatório no vestiário para motivar grupo de alguma forma. Tampouco quero que pessoas do teu grupo me virem as costas por simplesmente discordarem do que penso ou imaginarem que quero prejudicar o trabalho O tempo é o senhor de tudo. A verdade sempre prevalece e um dia ele aparece.
Posso parecer intrometido, posso não estar 100% à beira da quadra, mas, acredite amigo Edinho, sou sincero e sou honesto. Posso não falar tudo que muitos gostariam de ouvir, mas, felizmente tudo que falo tem base. Não é fofoca inventada da minha cabeça para prejudicar ninguém. Também sonhei com o retorno do futsal. Dei minha parcelinha de colaboração para o que acontece hoje e continuo ajudando do jeito que posso, sempre com respeito a tudo que é feito. Infelizmente fazer parte disso tudo de alguma forma não me obriga a ficar quieto e fazer de conta que nada acontece. Passar a mão na cabeça e depois cravar uma faca nas costas não é comigo. Prefiro falar e ser criticado por isso, que calar e fazer de conta que está tudo bem na tua frente e sair por aí falando mal de ti, pedindo tua cabeça ou tentando te transformar em culpado por isso ou aquilo.
Como te disse, espero que possamos ter por estes dias uma boa conversa e deixar tudo esclarecido porque vou continuar torcendo muito por conquistas contigo ali ou não, assim como vais seguir trabalhando duro por resultados comigo ali na arquibancada ou não.
Sorte e sucesso a todos nós!
Na raça e na superação, ASF busca empate contra Salto do Jacuí e incendeia o torcedor
Foi uma noite e tanto para o futsal de Santiago. Vindo de duas derrotas, a ASF enfrentou um adversário "encardido", experiente e que abriu dois gols de vantagem, a equipe do técnico Edinho foi vibrando, raçuda e com muita garra buscou o empate que precisava para acabar com uma sequência ruim de derrotas que já começava a preocupar e gerar um clima mais tenso para a sequência do trabalho.
O time esteve longe de ser brilhante, mas foi determinado, obediente e teve a paciência necessária para buscar o resultado sem irritar a torcida, sem cometer erros graves. Fez o dever de casa, que deveria ser ganhar, lógico, mas que em um momento delicado como o atual era simplesmente não perder.
Ok, não voltamos à zona de classificação, não vencemos a partida, mas retomamos a confiança. O que se viu em quadra foi muita doação, apesar dos desfalques e de atuar com jogadores descontados, o time do Edinho foi o time que o torcedor quer ver, dando chutão quando necessário, fazendo falta, encarando a provocação adversária, enfrentando a arbitragem.
Hoje é um dia que mesmo não tendo uma atuação nota 10 não tem como dizer que fulano ou beltrano foi mal. Juliano foi um goleiro seguro até ser expulso e foi bem substituído por Jhon, que entrou vibrante e gigante. Tivemos um Vazinho que marcou, atacou e chutou, um Emerson que fez valer a experiência e a faixa de capitão no braço. Um Piu-Piu estreando cheio de personalidade, apesar da falta de ritmo de jogo e do desentrosamento. Em quadra o Marcelo, mesmo com frebre, lutou muito. Vanilson e Pablo também foram eficientes e anotaram os gols em lances de ousadia, de buscar o chute de meia distância, o Baby, menos experiente, entrou em quadra dando chega-pra-lá e o Vagner, o Vagner foi um capítulo à parte.
Na primeira vez em quatro jogos que entrou na dele, foi soberano. Deu bico, chutou a gol, mas, acima de tudo, tomou conta do pivô Sid, que no primeiro tempo não foi às redes por detalhe. Ele que havia aceitado jogar de pivô improvisado, desta vez entrou na sua posição e foi um dos responsáveis por fazer o ginásio tremer. Quando anulou o pivozão adversário (mesmo que no primeiro lance tenha sido derrotado pelo habilidoso camisa 55), quando disparou pela direita como um ala de velocidade, quando deu bico pra arquibancada e enquanto teve fôlego, ele mexeu com as arquibancadas. O gol sem ângulo do Vanilson fez arquibancada tremer, o chute do Pablo que o Luquinhas garante que não entrou, fizeram a arquibancada explodir, mas a entrada do Vagner em quadra colocou a torcida no jogo, incendiou o torcedor como poucas vezes eu havia presenciado. Foi uma noite pra não esquecermos tão cedo.
O que vem pela frente não se sabe. Se vou narrar o jogo do dia 21, se o Vagner vai ter novas oportunidades e corresponder, se o time vai classificar ou não, se o Edinho vai conseguir superar todas as dificuldades dos últimos dias caso elas se repitam, se vamos estar vivos na semana que vem. O que importa é que daqui um tempo todos teremos histórias pra contar desse 2 a 2 contra o Salto do Jacuí.
A matéria sobre o jogo, mais imparcial e menos passional, vem amanhã. Por hora temos que comemorar a noite em que recuperamos a auto-estima e voltamos a ser Santiago. Em nome da torcida, obrigado!
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